
“Não há nada tão ruim que não possa piorar.” O comediante-político Tiririca até utilizou uma frase semelhante: “Pior que tá, não fica”. Bom, tanto fica, que esse foi reeleito e, digamos, riu da cara de seus eleitores porque venhamos e convenhamos, “foi mais do mesmo”. De modo geral, o povo anda “emburrado” com a vida. É certo que temos alguns motivos!
A questão que trato no nosso espaço este mês não é da pandemia, nem desta terrível guerra ou da crescente inflação que assola a população. Ou será que é? Creio que estamos rindo pouco e, talvez, deixando que o mundo ria de nós. O Putin ri de sua guerra particular, o ministro da economia ri do grande número de iPhones e, claro, todos ainda estamos rindo, de máscara. Deixo claro, desde já, que a vida necessita, sim, de seriedade, mas o problema é que o mundo anda muito pesado!
Acompanhamos tantas tragédias que nossa cabeça acaba ficando tão cheia, que o humor está dando lugar à tristeza, à mágoa, ao desânimo, à baixa autoestima. Tais sentimentos, reunidos, acabam por emperrar nossa vida. Os últimos dois anos têm sido difíceis. Até o sol, que tanto alegra e enfeita nossas vidas, parece que está com a temperatura mais elevada. A natureza está em descompasso! O fato é que estamos todos cansados, pois a vida parece estar muito complicada e exaustiva. Não sei se isso é fruto da pandemia, mas percebo que as pessoas, de modo geral, tornaram-se um pouco individualistas. A política também acabou aflorando a intolerância das pessoas. Por causa dela, ficou difícil manter uma conversa civilizada que não esbarre em lado A ou lado B, em divergências de opiniões.
O grande escritor Ruben Alves já dizia “Deus é leve e ri”. Como disse o escritor, o nosso sábio mestre, criador do mundo, deixou-nos este presente, que é o riso. O riso facilita a interação. É gostoso, contagiante, é a beleza do contrair dos lábios se comunicando com o mundo. Rir é celebrar as pequenas vitórias diante desse mundo complicado. É também uma forma de se posicionar diante, por exemplo, da alta dos preços, da atual economia, da política ou de certas instituições que simplesmente zombam do povo. Acredito que está faltando mais leveza, mais humor diante desse turbilhão em que estamos vivendo.
O humor é um estado de espírito que cria momentos especiais de relaxamento, algo precioso no nosso dia a dia. Tem uma frase muito bacana do escritor gaúcho Luiz Fernando Veríssimo, que fala bem sobre o assunto aqui tratado: “A maneira como você encara a vida é que faz toda diferença.” Quais pensamentos podem ser mudados a fim de dar lugar a outros que vão contribuir para o nosso engrandecimento? Os problemas sempre estarão aí, espalhados. Cabe a nós encará-los com esforço e determinação. É importante que saibamos enfrentar a vida com leveza, pois essa é uma ferramenta que conduz ao riso e auxilia na supressão do pessimismo e da raiva. Que o sorriso esteja presente em todos os nossos momentos!
Pedro Betti
Professor e colunista