
“Eu escrevo para salvar a alma.” Fernando Pessoa Não nascemos escritores, assim como não nascemos jogadores de futebol, artistas de teatro de televisão, cantores, ou qualquer outra coisa. Nascemos e pronto. Somos frutos do meio e vamos nos encantando com o que está nas beiradas. Isso explica porque, muitas vezes, os filhos de um escritor escolhem outros caminhos, assim como os filhos do jogador de futebol, dos artistas de teatro… O encantamento pelo que está nas beiradas faz parte das nossas escolhas. Os exemplos do ambiente em que vivemos, também. É muito complexo falar que fulano nasceu para ser essa ou aquela profissão, visto que a vida vai nos moldando, e a partir das nossas vivências vamos nos direcionando segundo as nossas escolhas. As aspirações artísticas que estão encrustadas no âmago das nossas células, ou alma – se quisermos levar para o lado mais holístico – só eclodem conforme as nossas necessidades. Sendo assim, podemos encontrar escritores, atores, cantores, artistas e atletas das mais variadas vertentes, trabalhando em outras profissões. A sobrevivência fala mais alto. Porém, sobreviver fazendo o que gosta dá mais sentido à vida. Quanto a mim, só me vi escritor aos 12 anos de idade quando escrevi o meu primeiro poema. Era rimado. Do estilo, “pão com mão”, “José com café”, “alho com trabalho”. E foi sobre trabalho escravo. Algo mais ou menos assim: “Eles faziam todo tido de trabalho, podia ser João ou José, desde descascar alho, até colher café.” Claro que havia erros ortográficos, às vezes de coerência, mas fui escrevendo. Tímido e com muito medo da reprovação. Medo do julgamento dos outros. Aos 14 anos de idade, pedi ao meu pai que me desse a oportunidade de escrever uma crônica para o extinto Diário do Oeste, de Divinópolis. O sinal positivo foi dado. Escrevi e a crônica foi publicada. Ainda não sabia que a diferença entre uma crônica e um conto é muito tênue. Se não mantivermos o foco, a crônica vira uma história inventada. Acho que o que escrevi foi mais ou menos assim. Meio verdade, meio ficção. Veio a crítica por parte de um funcionário do jornal. Relato os pormenores no meu primeiro livro: Crônicas e Contos na Boca da Mata. Parei estancado. Não estava preparado. Me achei ruim. Péssimo. Mesmo que meus colegas de sala me elogiassem – eu estava na oitava série. Entrei para o anonimato. Escrevia poemas e os guardava. Muitos se perderam. A maioria. Tenho guardado os que sobraram para uma publicação futura. Passados os anos, superados os traumas, me preparo para o lançamento do meu segundo livro: Um bilhete para Adélia Prado. Na verdade, é uma segunda edição. A capa ficou linda, a adição de mais 8 crônicas deu mais robustez ao livro e a diagramação ficou realmente muito diferenciada. A escolha da editora faz toda diferença na qualidade do livro. Minha amiga, Solange Sólon, da editora O Artífice editorial, se esmerou nos mínimos detalhes. Dia 07 de maio de 2025 é o lançamento para o mundo deste ente querido que nasceu falando de fatos, de poesia, de vida. Por que eu escrevo? Escrevo para dar sentido à vida; sabores e aromas gostosos, que para mim só o fazer poético é capaz de produzir.